Falar italiano deveria ser algo comum no Brasil pela quantidade de descendentes de pessoas originárias daquele país, mas não é. Desculpa o porquê.

Essa é uma questão interessante. Se tem tantos descendentes de italianos no Brasil, por que eles não falam o idioma? Por que não falamos italiano?

Estima-se que 15% da população brasileira, cerca de 30 milhões de pessoas, seja de origem italiana, mas raramente se vê alguém que fale o idioma.

As razões para esse fato são as mais diversas e cada caso é diferente, mas aqui estão os principais motivos:

O tempo muda tudo

Com o tempo, as famílias imigrantes foram se adaptando ao Brasil, se integrando à sociedade, aderindo a cultura e o idioma local.

Assim, as novas gerações, já nascidas no Brasil, foram naturalmente perdendo a familiaridade com o idioma, que já era, em muitos casos, só falado em casa. Por mais bonito que seja, falar italiano não ajudava muito se você morava no Brasil.

Hoje em dia, se preza mais a conservação da cultura, falar vários idiomas, mas naqueles tempos isso não era de grande importância. Levava-se uma vida mais simples, na qual o trabalho, a família e as interações sociais locais eram mais importantes.

O peso de ser imigrante

Ser imigrante não é fácil. Preconceitos do povo local com o modo de ser, língua e costumes estão sempre presentes, ainda mais se o imigrante for pobre e humilde, tendo chegado ao novo país em busca de uma vida melhor para si e sua família.

Os italianos, em muitos casos, sofreram preconceito e falar a língua italiana evidenciava a sua origem sofrida. Assim, muitos optaram por adotar o português mesmo dentro de casa, para “perder” o estigma de imigrante.

A Segunda Guerra

Este é o motivo mais sombrio. Durante o governo de Getúlio Vargas, o Brasil passou por uma “campanha de nacionalização”, ou seja, integrar estrangeiros à força à população brasileira.

Uma das medidas era a proibição de se falar línguas estrangeiras em público.

Com a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial no lado dos Aliados, a situação se complicou. Como a Alemanha, o Japão e a Itália integravam o outro lado, o Eixo, os imigrantes desses países eram controlados de perto e até perseguidos. Eram vistos como “potenciais inimigos”, apenas por se originarem desses países, ainda que tivessem saído de lá antes mesmo da guerra!

Falar italiano em público era punido penalmente e o medo pairava constantemente no ar.

Mesmo com o fim da guerra, o estigma continuou por um tempo e, assim, muitas famílias deixaram de falar seu idioma de origem.

Bônus

Apesar de possuir uma história milenar, a Itália é um país novo, tendo surgido apenas em 1861. Antes, no território italiano existiam diversos pequenos Estados e territórios independentes ou pertencentes a outros países.

Cada parte da Itália possuía sua própria língua ou dialeto e apenas com a unificação do país que se estabeleceu o “idioma italiano” oficial, que nada mais era que a língua falada na Toscana.

A maioria dos imigrantes italianos chegou no Brasil pouco tempo depois dessa unificação, por isso, eles não falavam o mesmo idioma. Um imigrante de Nápoles não entenderia um imigrante do Vêneto, por exemplo.

Até hoje existem os dialetos, que são realmente falados pela população italiana no dia a dia, mas todos falam o italiano oficial.

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