Bolonha é a capital da Emília-Romanha e está localizada no centro-norte da Itália. Enquanto cidades como Roma, Milão ou Veneza são as favoritas para muitos durante uma viagem pela Itália, Bolonha ainda é um dos destinos que poucos turistas brasileiros escolhem.
O que realmente é uma pena, uma vez que a cidade é riquíssima não somente na sua história mas também na sua cultura.
Com quase 400 mil habitantes, é a sétima maior cidade do país. Bolonha é um encontro perfeito entre história e modernidade e entre tradição e multiculturalismo.
Enquanto cada esquina da cidade dá o seu testemunho sobre a história bolonhesa, a presença da universidade e de seus estudantes, que vêm de diversos países do mundo, tornam a cidade cosmopolita e a dão uma vibração como poucas outras cidades a tem.
La dotta, la rossa, la grassa
A cidade de Bolonha é conhecida como la dotta, la rossa, la grassa. Isso poderia ser traduzido como a erudita, a gorda e a vermelha em português.
Porque Bolonha é descrita dessa maneira, é fácil de entender quando se passa algum tempo na capital da Emília-Romanha.
La dotta (a erudita)
O primeiro apelido se deve a sua longa história universitária de quase um milênio. Ao longo desses anos, muitas mentes brilhantes passaram pelos corredores da Universidade de Bolonha, entre eles Dante Alighieri, Nicolau Copérnico e, mais recente, Umberto Ecco.
Hoje, a Università di Bologna – Alma Mater Studiorum, como é o seu nome oficial em italiano, tem quase 80 mil alunos. Dessa maneira, os alunos respondem a quase um quarto dos habitantes da cidade.
La rossa (a vermelha)
O vermelho é a cor que predomina na cidade. A maioria dos prédios de Bolonha é construído com tijolos vermelhos. Outra teoria diz que esse apelido também se deve a orientação política dos seus habitantes.
La grassa (a gorda)
Como era de se desconfiar, se refere à culinária da cidade. Bolonha é um verdadeiro paraíso culinário e é por muitos considerada a capital da gastronomia italiana.
Lá, bares e restaurantes podem ser encontrados em cada esquina e se percebe rapidamente que o ato de comer e beber não é somente algo que apenas sustenta a população da cidade, mas que a culinária é uma parte essencial da alma bolonhesa.
Bolonha – Como chegar
Devido a sua localização, a cidade é um importante centro de transporte entre o sul e o norte da Itália. A cidade oferece um acesso fácil e também é um ótimo ponto de partida às outras regiões do país.
No noroeste da cidade se encontra o aeroporto de Bolonha, onde chegam voos de destinos nacionais e internacionais. Quem estiver viajando de trem, provavelmente chegará em Bologna Centrale, que não é somente a estação ferroviária mais importante da cidade mas também uma das mais importantes do país. Aqui chegam os trens de alta velocidade, que trazem passageiros das outras grandes cidades do país.
Vamos começar o passeio!
Logo quando você puser o pé na calçada para começar a explorar Bolonha, você perceberá a primeira característica que torna essa cidade única na Itália – as passarelas cobertas.
As calçadas de Bolonha são cobertas por belos pórticos que se estendem por quase 40 quilômetros pelo centro da cidade. Basta um simples passeio por essas passarelas para se maravilhar com os diversos tipos de arcos. Além de dar um ar de glamour e elegância à imagem da cidade, eles protegem os passantes não apenas da chuva mas também do sol. Assim, por debaixo das passarelas bolonhesas, o nosso passeio nos leva à praça principal da cidade – a Piazza Maggiore.
Basilica di San Petronio – Piazza Maggiore
A praça central – e provavelmente a mais famosa da cidade – é a Piazza Maggiore. Apesar de ser circundada por outros monumentos históricos, a Basilica di San Petronio é sem dúvida o prédio que domina a piazza.
A igreja principal de Bolonha é uma obra magnífica e impressionante. A sua construção teve início no ano de 1390 e durante séculos a basílica foi modificada até chegar ao estado dos dias de hoje.
Com uma área construída de 258 mil m², ela é a quinta maior igreja do mundo.
Enquanto a sua arquitetura no estilo gótico impressiona por fora, a igreja também oferece uma riqueza extraordinária em seu interior. Aí se encontram afrescos, obras de artes de Filippino Lippi e Amico Aspertini, entre outros, e dois órgãos do século XV e XVI, o que os torna uns dos órgãos mais antigos da Itália.
Também é possível acessar o terraço da basílica por meio de um elevador em uma de suas saídas. De lá, se tem uma vista maravilhosa da cidade.
Lembre-se de vestir roupa adequada para entrar na basílica. A maioria das igrejas na Itália não permitem a entrada de quem estiver calçando chinelo, vestindo regata, minissaia etc.
Palazzo dell’Archiginnasio
O Palazzo dell’Archiginnasio é a antiga sede da Universidade de Bolonha. Hoje em dia, abriga a livraria municipal da cidade, a Biblioteca Comunale dell’Archiginnasio.
Entre 1563 e 1803, o palácio, situado a poucos metros da Piazza Maggiore, foi a primeira sede Universidade de Bolonha. Até então, a universidade operava em diversos lugares da cidade, mas nunca tinha sido centralizada em um centro universitário.
Embora o palácio não seja mais a sede da universidade, ele é um lugar histórico que dá testemunho de três séculos de alunos e professores, cujos brasões e nomes adornam as paredes dos corredores e das salas do palácio e nos levam a uma viagem pelo tempo, contando a história da universidade.
Outro ponto imperdível do palácio é o teatro anatômico. O teatro foi construído em 1637 por Antonio Levanti. Embora não seja mais o original, pois sofreu danos significativos durante os bombardeios americanos em 1944, a reconstrução mantém o esplendor do teatro original.
As Torres de Bolonha
Talvez o símbolo mais emblemático de Bolonha sejam as suas torres. Durante a Idade Média, dezenas de torres (provavelmente por volta de 100 torres no seu auge) foram construídas e dominavam a paisagem urbana de Bolonha. Hoje em dia, a cidade ainda conta com 22 torres. Entre elas, as mais famosas são a Torre della Garisenda e a Torre degli Asinelli.
As duas torres se encontram no coração da cidade, perto da Porta Ravegnana e são um dos pontos turísticos mais icônicos. Enquanto ambas as torres são tortas, a Torre della Garisenda, com uma altura de 47 metros, mostra uma inclinação muito maior .
Ao lado, a Torre degli Asinelli, construída no começo do século XII, tem uma altura de 97 metros e pode ser visitada.
Quem tiver fôlego para escalar os 498 degraus para chegar ao terraço da torre, será recompensado com uma vista maravilhosa de 360° da cidade.
O milagre de Santa Catarina de Bolonha
A Santa Catarina viveu entre os anos 1413 e 1463 em Bolonha e sua vida se destacou pelas suas profecias e visões. Um quadro, pintado por ela mesma, das suas visões sobre o menino Jesus nos braços de Maria se encontra no Museu do Vaticano.
Dezoito dias depois de sua morte, Catarina foi exumada e, pela surpresa de todos, o seu corpo continuou em perfeito estado, sem sinais de decomposição.
Hoje, seu corpo continua não se decompondo e está repousando em uma cadeira atrás de um vidro na capela do santuário Corpus Domini. Sua capela pode ser visitada (em horários específicos) e se encontra a uma curta caminhada do centro da cidade.
Santuario della Madonna di San Luca
Um pouco fora do centro de Bolonha se encontra o Santuário della Madonna di San Luca. A partir da Porta Saragozza, uma passarela coberta por arcos de quase quatro quilômetros leva ao topo do Colle della Guardia. Lá, se situa o santuário a uma altura de quase 300 metros acima do mar.
Quem estiver com pressa ou não quiser encarar a subida pela passarela, pode embarcar no San-Luca-Express, um trenzinho que leva seus passageiros do centro até a basílica.
A construção do santuário, cujo estilo é predominantemente o barroco, teve início em 1723 sob a supervisão do arquiteto Carlo Francesco Dotti. O edifício foi construído sobre uma planta em formato de uma cruz grega e é hoje um importante lugar da devoção à Virgem.
Apesar da basílica possuir inúmeras obras de artes em seu interior, a atração principal é uma representação de Nossa Senhora de São Luca, que retrata a Virgem com o Menino. Mas nem sempre essa imagem permaneceu dentro das paredes da basílica. A cada ano, a chamada icona é levada pelo pórtico até a cidade. Essa tradição remonta ao “milagre da chuva” do ano 1433, quando a icona foi levada pela primeira vez até o centro. Naquele ano, um longo período de chuva estava ameaçando a colheita. Todavia, após a chegada da icona, as chuvas cessaram e a colheita foi salva.
O Santuario della Madonna di San Luca também oferece um terraço de onde é possível ver a cidade. Contudo, durante em uma caminhada pelos arredores do santuário se obtém uma vista similar.
La finestrella di via Piella
Um pouco mais afastado das ruas principais do centro se encontra um dos pontos secretos de Bolonha. Ali, se abre literalmente uma ‘janela’ para um outro mundo. Essa janelinha (finestrella, em italiano) nos presenteia com um panorama veneziano no meio do centro de Bolonha.
De fato, por baixo da cidade passa um complexo sistema de canais que pode ser visto somente em poucos lugares hoje em dia. Por meio dessa finestrella discreta, se tem uma vista para o Canale delle Moline, que passa por meio das casas e por debaixo de pequenas pontes.
Comer & beber em Bolonha
Como dissemos anteriormente, muitos consideram Bolonha a capital culinária da Itália. Então aproveite sua estadia na cidade para se deliciar com o melhor da gastronomia italiana!
Não se restrinja apenas aos bares e restaurantes de Bolonha, vale muito a pena visitar os seus diversos mercados para entrar no universo culinário italiano.
Uma visita pelo Mercato delle Erbe, o maior mercado do centro histórico de Bolonha, se torna uma verdadeira experiência gastronômica. Lá você pode provar não somente a famosa mortadela bolonhesa, mas também encontrar queijos, frutas, verduras, carnes e muito mais. Também se pode degustar pratos bolonheses, como a Cotoletta alla Bolognese por exemplo, de primeira mão.
Outro lugar perfeito para descobrir mais sobre a culinária bolonhesa é o Mercato di Mezzo. O mercado coberto abre todos os dias e é uma oportunidade excelente para deliciar desde as comidas mais simples até os pratos elaborados, junto com uma taça de vinho.
Dica: Não deixe de conhecer o Aperitivo, um tipo de happy hour italiano. No fim da tarde, muitos bares e restaurantes oferecem o Aperitivo e ele é uma ótima oportunidade para descansar depois de um longo dia de passeio pela cidade e de conhecer a cultura bolonhesa um pouco mais de perto. E claro, também para se deliciar com as comidas típicas!
A compra de uma bebida dá acesso ilimitado ao buffet com petiscos, pizzas etc. Alguns lugares oferecem a assim chamada Apericena, que oferece, ainda, pratos mais elaborados.
Passeios partindo de Bolonha
Como já mencionado antes, Bolonha é um ótimo ponto de partida para conhecer outros pontos da Itália. Dali, também é possível fazer diversos passeios para explorar os arredores.
Em apenas 40 minutos, o Frecciarossa (trem de alta velocidade italiano) chega em Firenze. Um pouco mais longe, perto da costa adriática, se encontra San Marino, um dos dois enclaves na Itália.
Quem quer aproveitar o mar Adriático, pode visitar as famosas praias de Rimini e Riccione, que se encontram a poucos quilômetros de San Marino.
