Giuseppe Garibaldi com certeza é um dos maiores heróis italianos do século XIX.
Como grande defensor dos ideais republicanos-democráticos, ele é uma das figuras chaves do Risorgimento, que resultou na unificação da Itália em 1861.
Mas a influência e os impactos de sua vida não se restringem somente à Itália.
Garibaldi também se destaca como protagonista de conflitos políticos na América do Sul, principalmente no Brasil.
Assim, Giuseppe Garibaldi se tornou um herói ítalo-brasileiro, que hoje é chamado de ‘herói de dois mundos’.
Nas seguintes linhas, vamos conhecer um pouco mais sobre a sua vida e suas lutas.
Os primeiros anos de Garibaldi
Garibaldi nasceu em 1807 na cidade de Nice. Naquela época, Nice pertencia (como hoje em dia) à França e voltaria somente após a derrota de Napoleão Bonaparte à Itália. Assim, ele foi registrado como cidadão francês.
Seus pais, porém, eram ‘italianos’ (ainda não existia a Itália como país que conhecemos hoje) da Ligúria, região adjacente ao departamento francês de Nice.
Quando adulto, o jovem Garibaldi passou os primeiros anos da sua carreira como marinheiro e chegou a obter a licença de capitão.
Foi em uma das suas viagens de navio em 1833 à Rússia, quando ele teve o seu primeiro contato com o nacionalismo italiano.
Lá, encontrou Giovanni Battista Cuneo, que lhe apresentou as ideias de Giuseppe Mazzini de uma Itália unificada.
Mais tarde, Garibaldi se juntou à Carbonária, uma das sociedades políticas secretas mais importantes do século XIX, cuja participação no movimento da unificação italiana foi significativa para o seu êxito.
Fuga da Itália e ida ao Brasil
A influência das ideias de Mazzini deixou uma forte impressão no jovem Garibaldi.
Consequentemente, participou de uma insurreição em Gênova no começo de 1834, que fracassou. Pela sua participação, condenam o jovem revolucionário à morte, mas ele consegue escapar.
Assim, se refugiou primeiro em Marselha e no ano seguinte chegou na Tunísia. Finalmente, a sua fuga o levou até a América do Sul, no Rio de Janeiro.
Sua vida revolucionária, que teve início no sul da Europa, iria ganhar um novo impulso no Brasil. Assim, Garibaldi se juntou à Revolução Farroupilha, que ocorreu entre 1835 e 1845 no Rio Grande do Sul e deu origem à República Rio-Grandense.
Logo no início da sua jornada como revolucionário brasileiro, a polícia marítima uruguaia captura Garibaldi, após ter atacado um navio austríaco.
Após uma curta prisão na Argentina, conseguiu fugir e retornou ao Rio Grande do Sul para se juntar novamente às forças da Revolução.
Durante o ataque à Laguna, Garibaldi teve um outro encontro que mudaria a sua vida para sempre.
Foi lá que ele se apaixonou pela jovem brasileira Anita, que se tornaria não somente a sua esposa mas também a sua parceira nas suas batalhas revolucionárias.
Em 1841, o casal se mudou para Montevidéu, onde se casou no ano seguinte.
Anita e Giuseppe tiveram quatro filhos – Menotti, Rosa, Teresa e Ricciotti.
Após um breve período como professor, Garibaldi foi trabalhar na marinha uruguaia e assim voltou ao palco político da América do Sul.
Antes de voltar à Itália, Garibaldi se envolveu como líder da legião italiana na guerra contra o ditador argentino Juan Manuel de Rosas e participou na defesa de Montevidéu contra as forças argentinas em 1847.
Primeira volta à Itália
No ano seguinte, em 1848, Garibaldi e sua família voltam à Itália e ele se junta às revoluções a favor da unificação italiana.
Ainda determinado a livrar a sua ‘terra natal’ do jugo estrangeiro, Garibaldi se torna o líder do exército da recém-nascida República Romana e consegue impedir o avanço das tropas francesas.
As suas vitórias militares aumentam a sua fama e a sua popularidade e Garibaldi logo é visto como um dos ‘heróis nacionais’ do movimento nacional italiano.
A força das tropas francesas, porém, é grande demais e após a capitulação da República Romana, Garibaldi e sua família fogem para San Marino.
Durante a fuga, Garibaldi perde a sua esposa Anita, que falece em 4 de agosto de 1849.
Mais uma vez, as circunstâncias na sua pátria forçam o revolucionário a abandoná-la. Assim, ele chega em Nova Iorque em 1850, que será o destino do seu segundo exílio.
Garibaldi retorna mais uma vez à Itália
Após quatro anos, Garibaldi retorna novamente à Europa. Em março de 1854, seu navio atraca na Inglaterra e em maio do mesmo ano, ele volta para Nice, sua cidade natal.
Cinco anos mais tarde, em 1859, se formam os Caçadores dos Alpes e Garibaldi é escolhido como o major-general para liderar a tropa formada por decreto real.
Após diversas batalhas, as tropas italianas conseguem vencer as tropas austríacas e expulsá-las. Assim, a Lombardia é anexada ao Reino da Sardenha e ao norte da Itália unificada.
Uma vez conseguida a unificação do norte do país, o foco de Garibaldi agora seria avançar para a unificação do sul da península.
Em 1860, Garibaldi parte de Gênova em direção à Sicília.
Após poucas batalhas contra as forças napolitanas, que excedem em números as suas, ele consegue o domínio total sobre a ilha e se declara ditador da Sicília em nome de Vítor Emanuel, rei da Sardenha e do Piemonte.
Em agosto do mesmo ano, Garibaldi parte para a conquista de Nápoles.
Devido aos sucessos obtidos nas suas campanhas anteriores, mais de 20 mil soldados das tropas napolitanas ‘viram a casaca’ e se juntam a Garibaldi, que conquista Nápoles sem resistência.
Mais tarde naquele ano, Garibaldi recebe Vítor Emanuel em Nápoles como ‘Rei da Itália’.
Sem dúvida, Garibaldi é uma das figuras mais icônicas do cenário político italiano do século XIX.
As suas participações em conflitos e revoluções tanto na Europa quanto na América do Sul lhe renderam uma fama imortal como lutador pela liberdade e autodeterminação dos povos.
Hoje, inúmeras ruas e avenidas, tanto na Itália quanto na América do Sul, levam o seu nome e muitas praças têm a sua estátua em homenagem.